Outsider
(A Marcos Andrada)
O portal do Parnaso nunca me é fechado:
A meu bel-prazer o posso atravessar.
Aos seus poetas todos posso avistar
E até de um ou outro tomar emprestado.
Nenhum segredo há que me seja vedado –
As Musas vêm, quando as chamo, me inspirar
E após mil versos burilar – riscar – limar –
Há quem me diga que gostou do resultado.
Uma voz em meu ser porém grita: “Ladrão!
Frequenta um meio ao qual nunca vais pertencer!
És um marginal!” E talvez tenha razão;
Mas, por bem ou por mal, preciso escrever,
Portanto escrevo – sem saber se é certo ou não,
Mas com a certeza de que o devo fazer.