AO CALOR DE CARONTE

 

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Alexandrino anapéstico

 

Desmaiei... despertei ao navio de um homem.

Que local? Que sombrio o covil no horizonte!

Ao redor, em lazúli, o riacho Aqueronte

E desnudo, o rapaz nos contornos no abdômen...

 

Levantou-me gentil e, no meu desafronte,

Em primeira visão, em ardor, me consomem

As paixões, um amor, os sentidos que somem;

Desmaiei e, de novo, ao calor de Caronte!

 

Mas, Senhor se me falta a vos dar um centavo,

Um favor: aceitai a viril virgindade

Em amor de um defunto, um inútil escravo

 

Se aceitardes beijar, lambuzar o consorte,

Viverei no Aqueronte em fiel lealdade

Ao calor de Caronte, à nevasca da Morte.

 

 

Publicado originalmente na II E-Antologia de Poesia Retrô