Cartas de Inverno
Quando o sol repousou por detrás das matas tênues
E fechei as janelas para não entrar o vento frio do Norte,
Eu assentei à pequena mesa de canto para escrever-te.
E vi que meu coração ardia por cada traço narrado.
Minhas mãos de jovem vetusto regavam as memórias no papel,
E uma tristeza finita me assediava qual infame dor da saudade.
A amargura da distante presença de querida alma, minha amada,
Sustentava meus desejos aprisionados nesse inverno solitário.
Quando a lua surgia vagarosa e bela na seda negra do céu
Eu fazia fugir dentro de meu coração o dolorido sentir da melancolia
Entre o verso e a canção que brotavam a imagem sagrada de sua existência.
Eu fazia cartas que aprofundavam meus fantasmas e delírios
Cremando no alvorecer de cada dia as lembranças passionais
De nossa história gravada nas cordas cristalizadas do meu coração.