DOS PÉS À CABEÇA

DOS PÉS À CABEÇA

Olhou-me como se eu fosse um enigma

E fosse imperativo decifrar-me.

Em face de meus versos, soou-lhe o alarme:

– “Outro que de ilusões carrega o estigma!”.

A partir d’aí, tomou por paradigma

Algum maldito para comparar-me,

Opondo a mim esdrúxulo desarme,

Mediante a exposição de seu querigma…

Silenciou-me, talvez intimidado

Co’a luz de minha exótica figura,

Que à sua aura cristã tem desnudado.

Eclipsa-se afinal em sombra escura

Quem, d’olhos invejosos ao invejado,

N’um julgamento à beira da loucura.

Betim - 24 06 2022