QUEM É PIO NÃO PIA
(Interação ao poema A PIA, do PIAUIENSE ARMENGADOR DE VERSOS)
Agora Inês é morta, meu amigo,
Pois se faz tarde para reclamos.
Não fomos avisados do perigo,
Na hora tão feliz em que casamos.
E agora devo concordar contigo:
Não nos cai bem o avental que usamos,
Nem os gracejos, que eu já nem ligo,
Dos que não passam pelo que passamos.
Ainda assim, do lar não renuncio,
Enquanto na vela restar pavio,
Serei fiel ao nosso juramento.
Seja na tristeza ou na alegria,
Seja no quarto, na sala ou na pia,
Não é disso que é feito um casamento?
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A PIA
A pia de minha casa é muito inconsequente,
Só vive cheia, grávida de todo mundo,
Na rapidez da luz, em menos de um segundo,
E ainda dizem que ela me ama piamente.
Piamente uma ova! Estou quase doente,
De tanto esfrega e esfrega neste fim de mundo.
Tralhas que não tem fim, estou nauseabundo,
E haja bucha, Bombril, sabão e detergente.
A pia de minha casa não é simples pia,
É carma que me segue, não é terapia,
Quem me dera livrar-me deste sofrimento.
Não tenho paciência nem tempo pra nada,
Vivendo ao pé da pia, minha paz acabada,
Parece que com ela foi meu casamento.
Piauiense Armengador de Versos