Sobre a Felicidade alheia
Quando a felicidade se propaga,
Quando, nos outros, ela é percebida,
Enfurece, chateia, desagrada,
Quem tem só desprazeres nessa vida.
Toda aquela pessoa mal-amada,
Que tem uma existência entristecida,
A alegria alheia é uma paulada,
Em sua consciência aborrecida.
As brincadeiras, as exaltações,
Perturbam, escarnecem, são torturas,
Nos mais infortunados corações.
Quem vê, no riso alheio, desventuras,
É vítima das próprias frustrações,
No silêncio das suas amarguras.