A DOIS TEMPOS
Há uma tela do lado de dentro
Tantas delas do lado de fora...
Na aquarela do "não mais agora!"
Só as fortes nuanças do tempo.
Um Arco-íris encenado na terra
A riscar um horizonte sem céu
Faz ao léu um milagre que encerra
Cores veras, sem o aconchego dum véu.
Pelo tempo decíduo e nublado
Tons de fora encarceram as molduras
E na tela dos obituários
Há a clemência das cores moribundas.
Já a paisagem do tempo de dentro
É crepúsculo da poesia...em fuga.