Dois versos
Janela por janela, eu tenho a minha,
que se abre para a rua e para o céu;
e quando a noite chega, se avizinha
ao mundo que é de lua e de pincel.
Porta por porta, eu fujo às vezes, réu
de coisa que não fiz, coisa mesquinha,
só para estar à luz, andando ao léu,
na companhia que é somente minha.
Sorriso por sorriso, o meu não finda;
seja talvez disfarce de alegria,
ou de alegria a grande prova seja...
Mas olhos, eu prefiro os teus ainda:
Dois versos tão bonitos de poesia
não posso crer que noutros livros veja.