Lembranças
Talvez já não te lembres do mistério,
Dos riachos, o suave murmurar...
Da noite escura nos campos cimérios,
Em que nós ficávamos a cismar.
Quem sabe te esqueceste do meu rosto,
Dos meus cabelos se espalhando ao vento,
Do pranto derramado e do desgosto,
Dos cânticos da fonte cor de argento.
Quiçá tu não recordes, e nem queiras,
Das longas horas de mudo silêncio,
Nossas almas, eternas companheiras.
Mas por certo ‘inda lembras, com ardor,
Dos doces, castos beijos que nos demos,
Sob os olhos quedos do Criador.