BENDITA ÉS TU, PALAVRA
Bendita és tu, palavra, saboroso alimento,
Qual dourado mel que do favo escorre;
Às vezes, nossa arma. Noutras, ferimento,
Ou, último suspiro de um poeta que morre.
De um poeta que morre, és tu, palavra,
Vela acesa a iluminar o rosto e o leito;
És caça ou presa. Ou então, densa lava,
Que sangra do coração e escorre no peito.
Bendita és tu, palavra. Nunca és maldita,
És o código que d'uma fogueira crepita,
Reflexo do sentimento que a alma afeta;
Bendita és tu, palavra. És quente ou fria,
És flor , ou és fruto que alimenta e sacia,
A depender da estação que vive o poeta.