Sempre que posso, ando com os pés descalços
Para provar o doce há de sentir o arisco
vento vívido das existências astrais
pois no céu há estrelas e fendas abismais
onde esconde-se o Néctar e o Basilisco
Ataca as bordas para não correr o risco
farta-se na ceia de sabores banais
desperdiça o menu de pratos principais
Ilude-se, devora não mais que um petisco
Não julgo-te, como é que eu mesmo poderia
Se nessa estrada em que fazes tua romaria
Tantas vezes assustei-me com os percalços
Querer o riso é namorar com a Ironia
Se fugir do espinho é prefácio da atonia
Sempre que posso, ando com os pés descalços