Quase um réquiem

I

Levado qual cativo pela estrada,

eu já não sei se vivo ou se vejeto.

Sou jardim ressecado sem a amada,

Sou polinização sem ter inseto.

II

Sou desejo de chuva sem a terra;

Sou sonho sem o sono mais tranquilo;

Sou cabrito calado que não berra;

Sou pinheiro cansado sem esquilo.

III

Sem aquela distante eu não sou nada;

Nem o pó da calçada quer ficar,

Vai embora num sopro de ilusão.

IV

Eu sou árvore presa numa estrada

Onde só a dor teima em visitar

Em uma tempestade de emoção.

16/5/2022

Cisco R

Jarrê
Enviado por Jarrê em 16/05/2022
Reeditado em 24/06/2023
Código do texto: T7517648
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