Narciso
Viu Narciso sua imagem refletida
N'um lago tão límpido e quieto,
Era tão belo, tão doce e magneto...
Mais valia contemplar face querida.
Deu conta-se de si como completo,
Era o suficiente em sua vida.
A liberdade entregou, era indevida,
Queria escravo ser do autoprojeto.
Esse lago mentiu para Narciso!
Revelou, em torto ângulo impreciso,
Um Ego, de si mesmo, ressentido.
Falseou, em amor próprio, a insegurança;
Sua carência estendida de criança;
Seu egoísta coração dolorido.