HISTERIA

O tempo, impondo sôfrego ponteiro

à minha dor, ordena que o plangente

olhar desnorteado experimente

o rumo do horizonte alvissareiro.

Aos tombos, machucado, vou em frente,

enxugo o rosto, rompo o cativeiro

e faço deste aferro companheiro

nas horas do confronto mais pungente.

Às vezes, quando preso ao meu impasse,

reflito, a imaginar que, se parasse,

a chance de um sorriso impediria.

O histérico relógio não me espera

e, então, perdido em cacos de quimera,

prossigo nesta dura travessia.