A QUEM DE DIREITO

Tivesse Drummond pensar mais fecundo

Do que este, que já nos causa espanto,

Talvez até mudasse o seu canto

Para Raimunda, em vez de Raimundo.

Seria um primeiro sem segundo.

As mulheres gostariam mais, e tanto,

Que o adorariam como a um santo,

Que fosse de algum céu oriundo.

Quem se atreveria a criticar,

Se a sua rima viesse a trocar,

Em favor do tal empoderamento?

Elas querem mais e mais, querem tudo,

E eu concordo, e até ajudo,

Pois tudo é delas, por merecimento.

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Obrigado, amigo Piauiense Armengador de Versos, pela intrigante interação.

RAIMUNDA!

Ora, já que você falou na tal Raimunda

Aparece-me, aqui, a rima inconsequente,

Ela que abunda, tão quão abundantemente,

Superior à Esmeralda do feio Corcunda.

Lamento, mas não é uma expressão jocunda,

Que é usada muito sorrateiramente,

Que, na verdade, é feia e indecente,

E não me ocorre de onde ela seria oriunda.

Não julgo ninguém pelas tolas circunstâncias,

Que nos surge, por vezes, em muitas instâncias,

Sabe-se lá, com qual destinação segunda.

Não emito conceito na aparência alheia,

Raimunda que parece ser de cara feia,

No contraponto, é muito boa de coração.

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O amigo Solano Brum também comparece com este profundo soneto, adentrando às origens do tema.

"ORBE ORIUNDOS"

Solano Brum

Sou um ser de carne e osso... Oriundo do pó.

No mundo, movido por força extraterrena.

Nunca permiti compararem-me a pedra mó

Tampouco a delicada pétala da açucena!

Meu sorriso não traduz ser eu um homem só;

Mas tenho subtil traço na face como dilema!

Sou Hercules... Sou Salomão... O paciente Jó;

Talvez, um condenado cumprindo sua pena!

Minha irmã gêmea, por habitar em mim,

Interfere em meus atos; em tudo põe a mão;

Faz troça ao negar ou sorrir dizendo "sim!"

Mantém minh'alma envolta em teia de filó;

Diz-me ser a Musa de minha inspiração

E que há de retornar comigo ao mesmo pó!

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 14/05/2022
Reeditado em 07/08/2022
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