E o futuro não é mais o que eu era
Por muito estive em áreas fronteiriças
Na mente, no sonho, na dor, na vida
Seguindo uma velha estrada perdida
Vivendo em vão existências postiças
Praguejei contra as banais injustiças
Contra o bem sem justa contrapartida
Abjurei numa verdade enrustida
Que os rancores são víboras mortiças
De tanto viver no fio da navalha
Cresci descrente de minha quimera
Reticente quanto a algo que valha
Desembarquei deste vagão que espera
Despi-me da pele que era mortalha
E o futuro não é mais o que eu era