BRILHO TÍMIDO
Nas águas buliçosas desta vida,
a tempestade cerca meu veleiro
e, enquanto denodado timoneiro,
desperto toda a força reprimida.
Resisto, dia e noite, aventureiro,
aos brados da garganta enlouquecida
que abrasa minha mão e, na ferida,
espalha o sal da morte o tempo inteiro.
A timidez de um brilho refrigera
os olhos alquebrados, mas valentes
perante as armadilhas da megera.
Seguro de alcançar um tempo claro,
concentro a fé nos raios resplendentes
porque contendas trazem mais preparo.