FLORES
Na vida, não passo de um jardineiro
colhendo, lá e cá, flores e espinhos.
Perguntas semeei pelo caminho.
Resposta é rara flor em meu canteiro.
Certeza, praga de furor daninho,
sufoca qual calor de fevereiro.
A dúvida tem destino altaneiro,
regando com frescor velho azevinho.
Tudo aquilo que ensino, trago em mim,
aprendido entre orquídeas e jasmins.
Sementes que florescem no cimento!
Mas cá, dentro do peito, tolo, guardo,
supondo ter na vida algum resguardo,
pairando, etérea e vã, a flor de vento.