DESDE MUITO
Desde muito sonhei este soneto meu,
Sonhei um sonho acordado como um Romeu.
O queria lírico, mas de pés no chão,
O queria lido por leitor de plantão.
O queria amado como se ama uma musa,
Desvendado como uma bailarina nua.
Desde muito o queria deste jeito torto,
E ele se fez, e por ele resto-me absorto.
Um soneto antes tão canto que cante o canto
Do prazer do fogo que libera a fumaça
Com forte cheiro do fogão de minha casa.
Um soneto que no décimo quarto verso
Apenas vai e senta-se ao banco da praça
Apreciando tudo, e achando graça.
Homenagem a Mario Quintana.