SCARFACE
(ao meu amigo Eduardo Victor Costa)
Vera Sarres
Eu me fiz de forte o quanto pude.
E olhe em que me tornei: Cosa Nostra
ou a pérola – a dor da ostra?
Mas que se dane, a vida foi rude.
O meu espelho teima um bocado
em me revelar um monstro parido,
onde um olhar triste, refletido,
encara um rosto desfigurado.
Pois sinto o frio de uma navalha
me amaldiçoo qual a um canalha,
como se o mundo me estilhaçasse.
Vislumbro a morte nalgum pedaço:
miserável e entregue, me abraço
e lágrimas jorram pela face.