Dor

 

Por que não aceitas a tua dor como direito,

Tentando fugir do vazio da existência

Se a saudade é sempre a futura experiência,

Que vem chegando te doendo no peito?

 

Por que queres procrastinar o conceito

da tua solidão, se somente há emergência

nua à tua involuntária insurgência

Crua, que só a Morte vencerá no teu leito?

 

Despojado ao medo da grande lista

De ritos mitológicos à tua essência,

Apela-te à egéria simbologia mista...

 

Ser humano da moralidade individualista!

Procuras apenas esconder a iminência

Dor da tua depressiva solidão moralista!

 

Jeazi Pinheiro — “O Último Poema”