O Cisto
Era um cisto ali no horizonte escuro
Um grão tão mirrado quiçá um nó e só
Que a gente até larga à indiferença
E põe foco em algo finito e ralo.
A cada segundo o grão ganha um sussuro
E o objeto apreciado perde-se em pó
E a gente até bebe da falsa crença
De quão rijos são os nossos vários talos.
Do grão crescem ramos e brotam flores
Dos quais do cuidado ascendem imunes
E assentam no corpo achando-se donos.
E a gente até assume do desdém o ônus
E apesar da ciência o quão o fado pune
Nutrimos os grãos com falsos valores.