O Cisto

Era um cisto ali no horizonte escuro

Um grão tão mirrado quiçá um nó e só

Que a gente até larga à indiferença

E põe foco em algo finito e ralo.

A cada segundo o grão ganha um sussuro

E o objeto apreciado perde-se em pó

E a gente até bebe da falsa crença

De quão rijos são os nossos muitos talos.

Do grão crescem ramos e brotam flores

Dos quais do cuidado ascendem imunes

E assentam no corpo achando-se donos.

E a gente até assume do desdém o ônus

E apesar da ciência o quão o fado pune

Nutrimos os grãos por falsos valores.

Elton Otoni
Enviado por Elton Otoni em 09/05/2022
Código do texto: T7512498
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