CAMA FRIA

Excruciante, chega a madrugada,

a angústia toma conta do meu rosto

que, sem poder calar o drama imposto,

transforma-se em vertente indominada.

Insone, não consigo ver transposto

o muro em que a quimera lacerada

encerra toda a luz abandonada

dos olhos onde aflora meu desgosto.

Envolto nos vestígios de euforia,

recebo as ilusões na cama fria

e, assim, refaço a mesma trajetória.

A dor e o desalento do castigo

procuro superar, mas não consigo,

tocado pelas vozes da memória.