TRILHA DE SONETOS LVIII- VERSOS DECASSÍLABOS EM RITMO BINÁRIO, COM TERCETOS "CCD/EED" E TRIO DE PALAVRAS: *METAPLASMO(S), POESIA(S) e DISTORÇÃO(ÕES).

*EXAGERO*

Não tem sentido impor à poesia

A rígida exclusão dos metaplasmos,

Pois eles são o que nos deixam pasmos

Metrificando o verso em harmonia.

Poéticas licenças! Maestria...

Embelezando os ritmos com orgasmos

Equivalendo a doces pleonasmos

Tão necessários para dar magia.

Não sendo regras, devem ser usadas,

Em raros casos, pois se utilizadas,

Frequentemente, causam distorção

Sonora, nas batidas dos fonemas...

Não vejo em que medidas tão extremas

Confiram ao soneto evolução.

José Rodrigues Filho

*SONETEANDO...*

Na força genuína na linguagem,

O metaplasmo, natural muleta,

Apoia, feito o oculto personagem,

Quando não sai da sorte, na roleta.

Quando o soneto vira molecagem

Nas mãos do sonetista de corneta,

A dissonância acorda o mais selvagem

Irracional e afasta a borboleta.

Devemos distinguir o repentista

Daquele que soneta - um enxadrista -

E desta forma usamos bem a mente.

A distorção sonora agride o ouvido;

Assim, o tal nonsense repetido

Anula a poesia inteligente.

Ricardo Camacho

*DIAMANTES*

Um metaplasmo aqui, um outro lá

e vai surgindo o metro de um poema

naturalmente fluido e sem dilema,

segundo a diretriz que o bardo dá.

A poesia doce nascerá

da inspiração finíssima e suprema,

sem distorção, sem falha, sem problema,

a incorporar, das almas, o maná.

Sendo um soneto faz-se imperativo,

ao metrificador, vivaz cultivo

de um bom ouvido e técnica sem par.

Perfeitos versos fazem-se brilhantes,

reluzem como puros diamantes

nas mãos de um sonetista a poetar!

Geisa Alves

*O ENCANTO DA POESIA*

O encanto, a poesia vai tecendo

Por mente genial e habilidosa

Que enxerga no vulgar, feição de rosa

E aos poucos um poema vê nascendo.

E como se um bordado, vai cosendo

Com métrica, com rima e som, a prosa

Sem distorção, e o metaplasmo dosa,

No corpo de um soneto renascendo.

A pena do poeta tal agulha,

Desliza no papel igual fagulha

Que o dom da inspiração acende e aquece..,

Adorno que, a arte sexta, traz magia

E a todos imatiza e contagia

E um terno coração, jamais esquece!

Aila Brito

*ESQUELETOS*

Um tanto, até de fato, irreverente!

Retorno para as trilhas, dou noções,

Pois sei que os metaplasmos são lições,

Aos que procuram ter fervor na mente.

Eu quero comparar sem distorções

Os bons cordéis que li, e certamente,

Ao lê-los inspirei-me bravamente...

Por ver ali fiéis inspirações.

Li versos de sonetos, calculados,

Com técnicas, porém, bem engessados,

Deixando para o lado a nostalgia.

É claro, temos, sim, os bons sonetos,

Mas vejam, somos todos esqueletos,

Tentando nos moldar com poesia.

Douglas Alfonso

*O BALÉ DAS PALAVRAS*

As palavrinhas buscam sincronia

e formam fila, em grande entusiasmo;

unindo as mãos, firmando um metaplasmo,

desenham versos plenos de harmonia.

Escutam, passo a passo, a melodia,

com tanto elã, que o vate fica pasmo.

O palco-livro, adepto ao pleonasmo,

sem distorções, abraça a poesia.

Em “pas de deux”, palavras formam rimas

que vibram e dispensam pantomimas,

cadenciando o som em cada pé.

Segue o cortejo, em tempo quase presto,

a decidir se iambo ou anapesto…

Cada soneto exibe o seu balé!

Elvira Drummond

*CÁLIDO AMOR*

Nosso ardoroso amor parece encanto,

vibra demais, imita as poesias,

faz metaplasmos, causa muito espanto,

trama elisões repletas de ousadias!

Suspiro, sem parar, e te adianto

que, juntos, entoamos melodias

a renovar os sonhos e, portanto,

jamais existem épocas sombrias.

Nossos encontros geram distorção

em quase tudo, perco o senso, então

esqueço o mundo e digo mais ainda:

Somente importa o amor que agora sinto,

que sempre deixa o meu olhar faminto,

pois vejo em ti a luz que nunca finda...

Janete Sales Dany

*PLENAS PALAVRAS*

A forma, sendo cerne de debate,

devido às soluções que referenda,

motiva algumas vezes a contenda,

embora distorções quaisquer retrate.

Se a regra literária recomenda

os metaplasmos vistos no arremate

de cada verso escrito pelo vate,

reputo imerecida a reprimenda.

Sinérese, elisão, recursos vários

integram mecanismos necessários

ao texto que persegue a melodia.

Unido à sua luta, exalto a meta

de quem vislumbra sempre, feito esteta,

a construção da plena poesia.

Jerson Brito

*A IMUTÁVEL POESIA*

Constantemente o mundo se transforma,

As erosões alteram a paisagem,

Os metaplasmos mudam a linguagem,

Costumes modificam toda norma.

A vida vai moldando a sua forma,

Estamos em eterna aprendizagem,

As novas teorias interagem

Na busca salutar de uma reforma.

Embora distorções também ocorram

E velhas tradições, às vezes, morram,

Jamais evitaremos mutações.

Porém a poesia permanece

Brilhando no poema e em cada prece,

Despida de quaisquer transformações!

Luciano Dídimo