O Pobre e o Rico
Sempre sujo, ultrajado, maltrapilho,
Era nas ruas, em meio ao sobejo,
Que ele morava, a escutar as mensagens
Do periquito ao som do realejo.
Ali bem perto, na pompa e no brilho,
Vivia um rico, com fartura à mesa;
No jardim, debruçado nas paragens,
Ouvindo acordes – um hino à realeza.
Em vida tão distantes, mas defuntos,
Como os dois sem querer se converteram,
Que chega sempre a morte e cessa assuntos...
Na morte, a ambos cortejos se fizeram
E desceram os sete palmos, juntos
Na igualdade que em vida não tiveram.