Desprendimento
Juntem, pois, meus versos derrubados
Dos ombros tão cansados da poesia,
No chão onde caiu a luz do dia
Ou chuva dos meus dias mais nublados.
Guardem, pois, meus versos desgarrados
Das mãos de quem lhes deu a alegria,
E deixem que os leve a ventania
Até à paz dos versos já passados…
Aonde minha asa não alcança
E nada mais se move ou se altera,
Tão somente é parte da lembrança.
É a palavra pronta e sincera
No seu final, qual merecida herança
Ou flor que nos restou da primavera.