Desprendimento

Juntem, pois, meus versos derrubados

Dos ombros tão cansados da poesia,

No chão onde caiu a luz do dia

Ou chuva dos meus dias mais nublados.

Guardem, pois, meus versos desgarrados

Das mãos de quem lhes deu a alegria,

E deixem que os leve a ventania

Até à paz dos versos já passados…

Aonde minha asa não alcança

E nada mais se move ou se altera,

Tão somente é parte da lembrança.

É a palavra pronta e sincera

No seu final, qual merecida herança

Ou flor que nos restou da primavera.

Narcelio Lima
Enviado por Narcelio Lima em 06/05/2022
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