A metáfora da uva e o vinho
A uva se desmancha em carinho,
Bem antes, muito antes da colheita,
Fazendo um colibri, de asa estreita,
Levá-la da parreira para o vinho.
Pousado, na metade do caminho,
Um outro colibri fica à espreita,
Como quem sabe a hora e a receita
Da uva, finalmente, dá-se ao vinho.
E quando a poesia sai do ninho,
A flor pede perdão ao colarinho,
(Por não mais atrair o beija-flor)
E o vinho já descansa no carvalho,
A uva, como que num ato falho,
Assume, de repente, outro sabor.