Azul remanso
Inquietante olhar, profundo e intenso,
ternas palavras, risos de acalanto,
um beijo quente a desviar-me o senso,
cálido abraço a esvaziar o pranto;
um desejar silente, grave e denso,
urgente toque e voz de arroubo tanto,
um manifesto a demolir dissenso,
uma afeição de intrepidez e encanto;
uma brandura ousada e comedida,
um viço, um louco instante, um bem sereno,
uma explosão de ardor gentil e manso:
foi esta insensatez da minha vida
(remédio doce e a dose de veneno)
que fez do meu amor o azul remanso!
Do amigo Jacó Filho
AINDA A AMO
Aquele não ecoando em meu ouvido,
Só ampliou sua imagem na memória.
Nem que quisesse, a teria esquecido,
Sem ter vivido meu sonho de glória.
Meu coração a elegeu,
E desde então, sofreu;
Fez-me querer ter morrido.
Mas pra mudar Tal história,
Aquele não ecoando em meu ouvido,
Só ampliou sua imagem na memória.