Soneto de Passagem
Passaste linda, dentro de um vestido,
pela calçada um dia, assim, à toa.
E como que atendendo ao meu pedido,
olhaste para trás, como quem voa.
Considerei-me, então, um mau partido,
pensei não merecer alma tão boa.
Mas tu, desrespeitando o meu sentido,
não enxergou em mim tão má pessoa.
E aconteceu, meio que de repente,
entraste em minha vida simplesmente;
findaste me amando, rainha e escrava.
E neste corpo forte (que padece),
comandaste, como quem obedece,
e obedeci, achando que ordenava.