Fujo de ser amado
Não entendo o que comigo se passa:
desde menino, ser elogiado me constrange
receber presentes me deixa sem graça
ao ser abraçado, algum dente range.
Minha vontade é de desaparecer, sumir
longe desses olhos, bocas, braços e mãos;
só assim sentir-me seguro como ao dormir
protegido sob um manto de boas bênçãos.
Pior que isso tudo é ouvir um sussurro
de alguém que confessa que me ama;
mais dolorido que no estômago um murro.
Desajeitado, estremecido, sujo de lama
para dentro de mim, ao fundo, me empurro
para me esquivar desse medo que derrama.