Impressões da Noite

Não me perco, eu me encontro, doce sombra,

No ermo destas ruas orvalhadas,

O eco dos meus passos nas calçadas

Até o ser mais misterioso assombra.

A luz do dia, que tanto me ensombra,

Demore a vir na vermelha alvorada,

Que a alta noite volúpica e gelada

Me acolhe com os zelos de uma alfombra.

Demore um pouco mais do dia a luz,

Não quero sóis, paisagens, céus azuis,

Que tudo ao desespero me convida;

Que fique a escuridão, pois sinto, ó sorte,

No calor do dia a friez da morte,

Na friez da noite o calor da vida.

Rogério Freitas
Enviado por Rogério Freitas em 12/04/2022
Código do texto: T7493432
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