XILOCAÍNA
XILOCAÍNA
Há marcas pela pele que, infelizes,
Recordam-nos desfechos malfadados,
Que de apuros os danos extremados
Restaram como extensas cicatrizes.
Outras, porém, ornando meretrizes,
Soldados, travestis, jovens drogados,
Damas e vagabundos abraçados
Colorem-se indolores de matizes.
A pele anestesiada sob agulhas
Parece arder vermelha co’as fagulhas
Da labareda em chamas da tatuagem.
Onde, ao premeditar novas feridas,
Pretendem-nas bonitas e atrevidas,
E dão à pele nua outra roupagem…
Betim - 11 04 2022