A VAIDADE DO POETA
(Interação ao soneto FALSA MODÉSTIA,
do poeta Herculano de Alencar)
Quanta verdade vi nesse soneto.
Impossível não nos envaidecermos,
No exato momento em que lemos
O nosso, até o último terceto.
Pouco importa o tema obsoleto,
Um que já cantamos, em outros termos,
Só precisa que toque os teus nervos,
Quando ouvires o dito no soneto.
O poeta não sabe d’onde vêm,
Se da terra, do céu ou do além,
Os versos que vaidoso julga seus.
Assim, por falta de outra conclusão,
Eu diria que toda inspiração,
É uma faísca da luz de Deus.
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Falsa Modéstia
É falsa a modéstia de quem cria,
Pois que a criação é tão vaidosa,
Que faz o beija-flor beijar a rosa
E voar, sem destino, em romaria.
Seja em verso livre, seja em prosa,
Ou seja, no rigor de um soneto,
A modéstia frequenta o mesmo gueto,
Que frequenta a vaidade melindrosa.
É falsa a modéstia do poeta
Que, tortuosamente, em linha reta,
Escreve como fosse o Deus do verso.
Digo, modestamente e sem vaidade,
Que hoje escrevo menos da metade
De quando eu criei o universo.
Herculano de Alencar
::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
O poeta Piauiense Armengador de Versos também nos presenteia
com esta maravilhosa interação:
== A Vaidade do Poeta ==
Nenhuma vaidade me completa,
Orgulho algum me serve de bengala,
A jactância, decerto, não me abala.
Qualquer pompa ser-me-á obsoleta.
Fazer versos não faz de mim poeta
E a inspiração não mora em minha sala,
Ela é divina em toda a sua escala,
É indomável, é bela, é dileta.
Da Divina Comédia ao Cordel
Nordestino, do vate do borde
À shakespeariana poesia,
Existe uma centelha sublimada,
Que nasce da ideia versejada,
Num excelente brilho de magia.
Piauiense Armengador de Versos