A VAIDADE DO POETA

(Interação ao soneto FALSA MODÉSTIA,

do poeta Herculano de Alencar)

Quanta verdade vi nesse soneto.

Impossível não nos envaidecermos,

No exato momento em que lemos

O nosso, até o último terceto.

Pouco importa o tema obsoleto,

Um que já cantamos, em outros termos,

Só precisa que toque os teus nervos,

Quando ouvires o dito no soneto.

O poeta não sabe d’onde vêm,

Se da terra, do céu ou do além,

Os versos que vaidoso julga seus.

Assim, por falta de outra conclusão,

Eu diria que toda inspiração,

É uma faísca da luz de Deus.

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Falsa Modéstia

É falsa a modéstia de quem cria,

Pois que a criação é tão vaidosa,

Que faz o beija-flor beijar a rosa

E voar, sem destino, em romaria.

Seja em verso livre, seja em prosa,

Ou seja, no rigor de um soneto,

A modéstia frequenta o mesmo gueto,

Que frequenta a vaidade melindrosa.

É falsa a modéstia do poeta

Que, tortuosamente, em linha reta,

Escreve como fosse o Deus do verso.

Digo, modestamente e sem vaidade,

Que hoje escrevo menos da metade

De quando eu criei o universo.

Herculano de Alencar

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O poeta Piauiense Armengador de Versos também nos presenteia

com esta maravilhosa interação:

== A Vaidade do Poeta ==

Nenhuma vaidade me completa,

Orgulho algum me serve de bengala,

A jactância, decerto, não me abala.

Qualquer pompa ser-me-á obsoleta.

Fazer versos não faz de mim poeta

E a inspiração não mora em minha sala,

Ela é divina em toda a sua escala,

É indomável, é bela, é dileta.

Da Divina Comédia ao Cordel

Nordestino, do vate do borde

À shakespeariana poesia,

Existe uma centelha sublimada,

Que nasce da ideia versejada,

Num excelente brilho de magia.

Piauiense Armengador de Versos

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 10/04/2022
Reeditado em 03/05/2022
Código do texto: T7491953
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