FOME REPRIMIDA
A fera serpenteia, enlouquecida,
desliza no veludo e, loucamente,
imerge no dulçor ebuliente
que escorre da vereda percorrida.
Tomado pelo instinto que consente
atrevimento à fome reprimida,
entrego-me ao repelo, rasgo a brida
da castidade posta em minha frente.
Aqueço meus sentidos no passeio
trilhado em direção ao devaneio,
completamente tonto de vontade.
Se um paraíso vejo no destino,
em tuas maravilhas me confino
e sinto plena a nossa intimidade.