UM GRITO CALADO
(Para o poeta Herculano de Alencar,
interagindo com seu poema Coração Calado.)
Se escrever é gritar sem ruído,
Posso asseverar, jurar se preciso,
Que tanto no choro, como no riso,
Com tua pena, estás bem servido.
Se o verso, vezes sai retorcido,
Com defeito, ‘inda assim segue preciso.
Se quiser, quebra o pé e o juízo,
Mas mantém a rima e o seu sentido.
Aqui faço um pedido veemente,
Que, por amor ao verso, não invente
De calar o pranto do coração.
Seria, de uma vez cortar a via
De onde brota toda poesia
Que alimenta a inspiração.