"Escrever é também não falar. É calar-se. É gritar sem ruído. "Marguerite Duras
Coração calado
Ora que minha língua é minha pena
E a poesia grita no peito,
Me calo pra mostra que não aceito,
O quanto que minh'alma se apequena.
Meu verso nasce torto, com defeito...
Dum jeito que até o amor condena.
Ainda assim, resiste na arena,
Sob a espada fria do despeito.
Ora que minha pena inda tem tinta,
Eu peço à poesia que não minta
Ao expressar o que me vem à mente.
Assim, ao terminar este soneto,
Desesperadamente eu vos promento
Calar no coração a dor que sente.