Ausência
Na incógnita serenidade desta ausência,
o anoitecer manso me evidencia tua pele,
a dependência exaltada e a transparência
da vontade que somente a ti me compele.
Na escuridão eu rastreio teus contornos,
superfície do puro regozijo, sem limite…
Aspiro assim teus lábios brandos, mornos,
qual insaciável e desejosa, a bela Afrodite.
Desse anoitecer em nós, nada concebemos
além do incontestável amor, da sofreguidão
que nos faz percorrer os atalhos extremos
Já nas imediações enigmáticas do coração,
afáveis, sob a beleza do luar adormecemos
entre o discernimento e a obsoleta razão.