Ausência

Na incógnita serenidade desta ausência,

o anoitecer manso me evidencia tua pele,

a dependência exaltada e a transparência

da vontade que somente a ti me compele.

Na escuridão eu rastreio teus contornos,

superfície do puro regozijo, sem limite…

Aspiro assim teus lábios brandos, mornos,

qual insaciável e desejosa, a bela Afrodite.

Desse anoitecer em nós, nada concebemos

além do incontestável amor, da sofreguidão

que nos faz percorrer os atalhos extremos

Já nas imediações enigmáticas do coração,

afáveis, sob a beleza do luar adormecemos

entre o discernimento e a obsoleta razão.

Samira Vilaça Araújo
Enviado por Samira Vilaça Araújo em 02/04/2022
Código do texto: T7486468
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