BORRACHA
Na minha mão posso fazer “misérias”
Apagar uma confissão, uma carta de amor
Um tratado de paz, o desenho da flor
Confiscar o relato de minhas mazelas.
Sem rasuras, até a chaga da dor
Onde os rascunhos das mágoas mais sérias
Sujam, da alma, os devaneios e as quimeras
E, só este gesto é capaz de transpor.
Em campos opostos, a intuição ainda oscila
Entre o sim e o não transita e desfila
Na passarela da intenção.
E, o resultado final mais comum
Foi não ter deixado vestígio algum
Do que pudesse servir prá reflexão.