BORRACHA

Na minha mão posso fazer “misérias”

Apagar uma confissão, uma carta de amor

Um tratado de paz, o desenho da flor

Confiscar o relato de minhas mazelas.

Sem rasuras, até a chaga da dor

Onde os rascunhos das mágoas mais sérias

Sujam, da alma, os devaneios e as quimeras

E, só este gesto é capaz de transpor.

Em campos opostos, a intuição ainda oscila

Entre o sim e o não transita e desfila

Na passarela da intenção.

E, o resultado final mais comum

Foi não ter deixado vestígio algum

Do que pudesse servir prá reflexão.

Néo Costa
Enviado por Néo Costa em 29/03/2022
Reeditado em 29/03/2022
Código do texto: T7483614
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