Porteiros...

A palavra e o silêncio são dois cães

Que perambulam pelas horas mortas,

Dois saltimbancos nus de pernas tortas,

Filhos espúrios de uma mesma mãe

Nos labirintos da minh'alma um grita,

Morde-me as mãos, me dilacera a mente

Enquanto o outro silenciosamente

Em várias línguas, lambe-me as feridas

Mas madrugada é uma dama nua

Que atrai, seduz e nos mantêm na rua,

Porém nos não abriga nem conforta

E assim sem ter alento ou casa sua

Um morre agônico a uivar pra lua

Outro adormece junto à minha porta.