Abandono

Tristonho verso, roto, desvalido,

sem arte, sem encanto e sem doçura,

da poesia fazes armadura,

da minha dor remontas o sentido.

Então, querido, canta meu gemido

e não te escondas dentre a desventura,

pois tantos, com a verve seca e dura,

perceberão que em ânsias foste urdido.

Quem dera a inspiração divina e doce

presente em minha essência sempre fosse,

qual brisa a revoar em céu de outono.

Descansa e folga, meu amado verso.

Que culpa tens se estou na angústia imerso

ou se no peito trago um abandono?

Geisa Alves
Enviado por Geisa Alves em 23/03/2022
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