Abandono
Tristonho verso, roto, desvalido,
sem arte, sem encanto e sem doçura,
da poesia fazes armadura,
da minha dor remontas o sentido.
Então, querido, canta meu gemido
e não te escondas dentre a desventura,
pois tantos, com a verve seca e dura,
perceberão que em ânsias foste urdido.
Quem dera a inspiração divina e doce
presente em minha essência sempre fosse,
qual brisa a revoar em céu de outono.
Descansa e folga, meu amado verso.
Que culpa tens se estou na angústia imerso
ou se no peito trago um abandono?