Auto-penitência
O poeta diz coisas tão estranhas,
E aparentemente sem sentido,
Que leio, e releio, e duvido
Se entendi direito as artimanhas.
Poeta é um bicho parecido
Com gato preto, à sombra, no escuro.
Me deixa quase sempre inseguro,
Com medo de não tê-lo entendido.
E se eu for poeta? Eis a questão!
Eu peço a quem me lê o seu perdão,
Acaso diga coisas sem sentido.
Não leia, por favor, as entrelinhas,
Pois suas incertezas, como as minhas,
Me deixam tristemente constrangido.