Um golpe de poesia

Rabisco um canto, a golpes de machado,

visando aniquilar, com poesia,

a fétida e asquerosa hipocrisia

da turba com quem sigo lado a lado.

Eu sei que pode parecer pecado

dar para as rimas torpe serventia.

Infelizmente é tanta a vilania,

que o plano radical já está traçado.

Por séculos, fiz versos de ternura,

tecendo, noite e dia, um acalanto;

de amores numa ingênua e vã procura.

Mas acabei perdendo a paciência,

e agora, navegando em desencanto,

meu verso é raiva em pura efervescência.

Fernando Antônio Belino
Enviado por Fernando Antônio Belino em 19/03/2022
Reeditado em 08/06/2023
Código do texto: T7476118
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