Um golpe de poesia
Rabisco um canto, a golpes de machado,
visando aniquilar, com poesia,
a fétida e asquerosa hipocrisia
da turba com quem sigo lado a lado.
Eu sei que pode parecer pecado
dar para as rimas torpe serventia.
Infelizmente é tanta a vilania,
que o plano radical já está traçado.
Por séculos, fiz versos de ternura,
tecendo, noite e dia, um acalanto;
de amores numa ingênua e vã procura.
Mas acabei perdendo a paciência,
e agora, navegando em desencanto,
meu verso é raiva em pura efervescência.