TRILHA DE SONETOS LIV- VERSOS DECASSÍLABOS EM RITMO HEROICO, COM TRIO DE PALAVRAS: NUVEM(ENS), LAMENTO(S), INFINITO(S)
*AMA-ME AGORA!*
Não creias que haverá eternidade.
Ama-me agora, enquanto o instante existe
e não esperes horas de saudade
cujo lamento soa aflito e triste.
Antes que o vento leve a veleidade
e a nuvem vede o sol que descobriste,
desfaz a lassidão que nos invade,
ama-me agora, enquanto a luz resiste.
Não cerres tua boca e não reprimas
teus beijos, teus poemas, tuas rimas,
não deixes branca a página do amor,
mas antes que se encerrem infinitos
e cale a voz dos sonhos mais bonitos
vive comigo o tempo de esplendor!
Geisa Alves
*HUMANIDADE INSANA*
Insana humanidade que se mata
Em busca do poder e se atormenta
Em guerra desumana e violenta,
Agindo de maneira tão ingrata.
Insana humanidade que, insensata,
Às dores e lamentos, desatenta,
Na força, um egoísmo vão ostenta,
Sentença sem clemência que prolata.
Insana humanidade exploradora
Que a própria espécie põe na escravidão,
Envolta em uma nuvem opressora.
Com fé, porém, estendo a minha mão
À Cruz, que em sua graça redentora,
É fonte do infinito amor-perdão!
Luciano Dídimo
*VOLTA AMOR!*
Além do tempo, o meu querer resiste,
Nem a distância anula o brilho e a chama,
Mas a saudade, tece um canto triste,
E o meu olhar, o teu olhar reclama!
Fortalecido, o sonho em mim persiste,
E em nuvem de esperança se derrama,
Banhado no frescor que o peito insiste
E alberga em luz, a voz que o amor proclama!
Os dias são tristonhos, e eu lamento;
Mas tento no calor do pensamento
Unir-me a ti. No mérito, o infinito!...
Deixa florir em nós a poesia,
Que resplandece em rimas e magia...
E vem viver o sonho mais bonito!
Aila Brito
*DESVENTURA*
As nuvens dos lamentos infinitos,
Concentram os litígios dos amantes,
Aos choques dos ególatras aflitos
Com teimas infindáveis, relutantes!
Excessos passionais e seus conflitos
Engendram as tristuras mais possantes,
Com óperas rebeldes, muitos gritos,
Aos atos, sem razões, extravagantes!
Colhendo as emoções na desventura,
Alguns verão a flor na sepultura
Daquele encantador amor de outrora...
E assim, amadurecem na tortura
Sentindo a grande dor que, porventura,
Terá o seu final em nova aurora!
Ricardo Camacho
*PRENÚNCIO*
Por que, amor, insistes em pensar
que alguma nuvem cobre os nossos sonhos?
Amo-te agora e sempre irei te amar…
Não vês que nossos dias são risonhos?
Não haverá saudade… nem pesar,
não há de ter momentos enfadonhos;
somente tempo para amar… e amar…
Não queiras antever sinais medonhos!
Por que te entristecer, com teus lamentos?
O sol há muito pouco trouxe a aurora
e nos promete um dia tão bonito!
No amor, se alguns dos dias são cinzentos,
o tempo apaga e o medos vão-se embora
quais nuvens que dissipam no infinito.
Edy Soares
*FORMA E CONTEÚDO*
Silêncio! A poesia quer passar...
Não queiram seu caminho sobrepor,
desnudem seus limites, por favor,
e aprendam com as rosas e o luar!
Que pena que essa nuvem quer mudar
do mundo inteiro a sua bela cor,
mas creio no infinito e eterno amor
da verve verdadeira e singular.
Que os olhos vejam toda a poesia
de quem empresta ao verso a fantasia
cerzida pelas mãos do sentimento!
Não deixem o soneto tão sisudo!
Que a forma não supere o conteúdo
e não nos cause mais qualquer lamento!
Adilson Costa
*DUELO SINGULAR…*
O verso quis impor-se e, barulhento,
bateu o pé… e o pé que marca o verso
ecoa do papel ao pensamento.
(Por vezes, chega a ser hostil, perverso…)
Falei, sinceramente, que lamento
por meu estado alheio, tão disperso.
Mas este poeminha ciumento
odeia, se namoro ou se converso…
Qual nuvem no infinito — densa e farta —
sombreia o tom de amor de minha carta,
varrendo todo o elã do texto em prosa…
Permuto a escrita afável e amorosa,
por versos que simulam tamborim.
Venceu o menestrel que mora em mim!
Elvira Drummond
*TÉTRICA PINTURA*
Perdi o riso fácil, a alegria,
ao vislumbrar a nuvem da amargura
pairando sobre o céu da poesia,
impondo o medo agudo que enclausura!
A guerra começou, jamais queria!
O pranto desce, a tarde está escura,
a terra, aflita, assiste a tirania
que arrasa e risca a tétrica pintura...
O meu olhar procura, no infinito,
um tempo sem lamento, sem conflito,
mas o tormento ainda continua...
Temo a sagaz verdade nua e crua:
o mal devora e sobe num altar...
O bárbaro dizima em vez de amar!
Janete Sales Dany
*RARO LUZIR*
Estrela no infinito cintilante
Que, feito verdadeiras joias raras,
Detrás das nuvens, teu farol disparas,
E, embora teus clarões, ao mundo, encante;
Lamento por estares tão distante
– A mais imarcescível das searas –
E, ao despontar no céu de noites claras...
Entendo...Ter-te? "Sonho delirante!"
Dar-te-ei, então, a vida que me sobra,
Buscando contemplar tamanha luz
– Sidérea a rutilar – esplêndida obra!
Ah! Todo o amor completo, a ti se dobra;
Pois, o halo teu reflete em corpos nus,
O viço da paixão que o ser manobra.
Eufrasio Filho
*SIMBIOSE*
Amada Terra! Não me perderás...
Pois mesmo quando nuvens dissipadas,
No céu, mostrarem novas caminhadas,
Meus fluidos: cinza ou pó, abraçarás.
Comigo, sei que tu caminharás
Por sendas e veredas já pisadas
No decorrer contínuo das estradas
Que seguem circulando... Tu verás.
É infinito o meu amor por ti!
E não lamento o tempo que vivi
Em diferentes formas e substâncias.
Valeu a pena, tudo que aprendi...
Teu mecanismo, enfim, compreendi;
Aguardo a vida em outras circunstâncias.
José Rodrigues Filho