Laslum

Tuas asas se abrem lívidas ao céu

Tens face em palidez símil às nuvens

Mãos negras estendidas, nenhum fel,

Com olhos carmesim de sangue em flúmens;

 

Transmuta-se alguém que muito amei,

Por hora és um demônio e também homem,

Um anjo horrendo e belo — opus Dei — 

Lhe temo com afãs que me consomem;

 

Emerge em sonhos tristes, devagar,

E em noites cuja relva queima o ar

Recita o verso fúnebre por fim;

 

Tão próximo deleita o meu perfume

Ardor e solidão, tão pouco lume,

Afogo-me no assombro em frenesim.

 

 

Sara Melissa de Azevedo
Enviado por Sara Melissa de Azevedo em 13/03/2022
Código do texto: T7471725
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