Pesadelos
À noite, sorrateiro, o vento frio
ensaia, em notas tristes, no arvoredo,
um cântico sutil de dor e medo,
que aumenta a angústia em meu viver vazio.
A melodia, tétrico arremedo,
de horrendas aves, gélido arrepio,
que faz o pensamento, em rodopio,
lançar-me ao mais profundo e vil degredo.
Apenas por um fio preso à vida,
meu corpo lasso, a mente entorpecida,
em meio aos pesadelos tão medonhos!
E, a noite inteira, escuto a voz do vento,
que faz mais fundo e amargo o meu tormento,
aniquilando todos os meus sonhos!