O Chamado

Ó fardo este infinito penumbral

Uivando seu silêncio que me amarga

Às vísceras, o medo sepulcral,

Isola-me na prece — minha adarga;

 

Serena imensidão, revela o peito,

Debaixo desta noite, sussurrando

Que os ares tão sombrios são-me o leito

O qual hei de jazer-me suplicando;

 

Mas como eu poderia imaginar

Que os ventos do obscuro abominar

Buscavam servilismo etéreo e pleno

 

E n’ávida aflição que estive tanto

Tangível me rendi regada ao pranto

Tomei do algar das sombras o veneno.

 

 

Sara Melissa de Azevedo
Enviado por Sara Melissa de Azevedo em 11/03/2022
Código do texto: T7470425
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