AMOR QUE AÇOITA
Amar-te desta forma, no corpo e alma,
com um desejo que é paz e desavença,
no mesmo vento que acaricia, acalma,
faz roer a cerne esta tão grande querença.
É querer além do bem querer,
cantar-lhe versos que lhe sanem a dor
Não deixar-lhe nunca a vida doer...
Inocente pretensão do amor!
E ainda que arda tamanho apego,
que eu morra de saudade toda a noite,
crio-te poemas que ao teu nome relego.
Posto que o prezo do tamanho do mundo.
E peno, amando-te sozinha, és açoite,
que sangra o verso, o meu ser mais fecundo.