Soneto Solar

Irradiado pela penumbra das janelas

Subitamente revisito as memórias

Na aventura conjunta, passadas glórias

Certamente fazem delas as das mais belas

De quando distorcíamos o nosso tempo

Nem se quer nos importando com o depois

E em labaredas deixei seu cabelo, pois

De tanto valsarmos desatino lamento

Restou-me o luto do que uma vez alumia;

Mas mesmo em seu crespúsculo há de se ver

Que amanhece para quem noite fora um dia

E ainda que convenha este bel-prazer

De vestir esses versos em uma melodia

Devaneio sobre um novo amanhecer.