Negue
Ainda que ela negue que me ama,
E que eu sou pra ela um quase nada;
Que nunca ela foi minha namorada,
Pois sou um Zé ninguém e ela, dama.
A sua boca exibe, estampada,
A sombra de um beijo que lhe dei,
Quando ela era a plebe e eu o rei:
Eu na janela e ela na calçada.
Hoje ela vive a vida que era minha:
De rei virei plebeu, ela rainha,
Pois tudo o que tinha dei pra ela.
Eu vivo na calçada maltrapilho...
Mas minha boca ainda exibe o brilho
Que o seu batom apaga, mas revela.