Envelheço

 

Eu envelheço e vou costurando

Remendo colchas com retalhos

Arqueando-me e em frangalhos

Recorto os trapos rememorando.

 

Aprisiono os velhos sentimentos

Esgueiro-me solitária e descanso

O velho corpo enfraquece e canso.

Abandono-me nesses movimentos.

 

Arrasto comigo incontáveis fugas

Adormecendo aveludados sonhos

Nos nebulosos e tristes dias longos.

 

Envelheço, mas sem nenhuma ruga

Repagino, absorvo e também xingo!

A tristeza e insônia, refuto e abomino.

 

 

 

 

 

 

Texto e imagem: Miriam Carmignan